terça-feira, 6 de setembro de 2011

Texto: Inversão dos fatos

Observando o cotidiano da gente passo a ter uma preocupação com a inversão dos fatos. 
Posso dizer que em nosso país essa situação se agrava a cada dia, os certos se tornam errados e vice-versa.
Coisas básicas, como sair a noite, ir para bares e restaurantes, a famosa saidinha bancária já são grandes exemplos disso. 
A pessoa tem o SEU dinheiro no banco e por algum motivo, que não importa a ninguém, precisa tirar uma parte, digamos que alta, para resolver os seus problemas. Aí ela saí do banco, é seguida por motoqueiros, que a abordam com uma arma e levam o SEU dinheiro. Pronto, aí vem os especialistas, dizerem que essa situação poderia ter sido evitada, que as pessoas não devem fazer grandes saques, que o ideal é que seja feito um DOC, que tem um custo e a pessoa cometeu um grande erro. Sabemos que existe o DOC, mas ela não está afim de pagar, e aí? Ah, aí ela passa a merecer ser assaltada, afinal, quem mandou, né? Só que todos esquecem de lembrar que o dinheiro é DELA e ela faz o que quer e bem entende com ele. 
O erro não está na pessoa e sim na situação que se encontra a segurança pública no Brasil. Por que será que em outros países as pessoas depositam e sacam altos valores sem nenhum problema? Existe segurança, algo que não está nem minimamente presente em nosso país. 
Várias vezes em reportagens que falam de assaltos a bares e restaurantes, leio comentários das pessoas tipo assim "Quem mandou estar na rua até essa hora?", "Bem feito, isso lá é hora de estar na rua farreando". Pode parar por aí! Quem diz o horário que a pessoa deve sair de casa são os bandidos? É uma verdadeira infelicidade esses tipos de comentários, não que eu concorde em ignorarmos a realidade, mas daí a inverter a situação e culpar quem é inocente, já é demais para mim.
Não estou incentivando ninguém a se arriscar não, mas precisamos ter a consciência de quem nós não somos os errados e nem culpados, o erro está no sistema e na crítica situação na qual nos encontramos.
Vivemos enjaulados, enquanto os bandidos vivem à solta. As grades, estão em nossas casas e não nos presídios. Não venham me dizer que isso é normal, porque não é, não podemos nos acostumar com essa situação, sabem por que? Porque um dia nem em casa estaremos seguros e quando esse dia chegar, para onde irão as pessoas de bem?
Me lembro muito do filme A Vila, onde amigos que foram vítimas de violência criam uma cidade para ser habitada pelos seus familiares, sem eles tomarem conhecimento que existem muros e um mundo todo outro lado, tanto que ocorre uma situação complexa, que é necessário a busca de recursos externos e eles escolhem a personagem cega para ir, pois ela nunca saberá o que há lá. Podemos então criar uma vila também? Porém, mesmo com a criação da vila, estaríamos nos privando de direitos básicos, de conhecer e explorar outros lugares, de ter uma escolha de vida, seria uma situação imposta. 
Já não somos completamente livres, vivendo aqui no Brasil, aí é que somos menos livres ainda, perdemos inteiramente o nosso direito de ir e vir, perdemos a nossa segurança, perdemos a nossa paz.

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